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Isto é o meu corpo

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Há duas maneiras diferentes de olharmos as culturas juvenis: através das socializações que as prescrevem ou das suas expressividades (performances) cotidianas. A distinção entre estas duas perspectivas pode ser aclarada tomando a “dualidade primordial” proposta por Deleuze ao contrapor “espaço estriado” a “espaço liso”. O espaço estriado é revelador da ordem, do controle. Seus trajetos aparecem confinados às características do espaço que os determinam. Em contraste, o espaço liso abre-se ao caos, ao nomadismo, ao devir, ao performativo. É um espaço dionisíaco: de novas sensibilidades e realidades. A idéia que ponho em discussão aqui é a seguinte: nos tradicionais estatutos de passagem da adolescência para a vida adulta os jovens adaptavam-se a formas prescritivas que tornavam rígidas as modalidades de passagem de uma a outra fase da vida. Diríamos, então, que essas transições ocorriam em espaço estriado. No entanto, entre muitos jovens, as transições encontram-se atualmente sujeitas à

1968: o ano da juventude!

“Antes de 1968 não havia o jovem, e sim o moço. Mas essa mocidade era inteiramente subordinada à valorização do modelo adulto.” Michel Misse. Paris [maio de 68] A revolução estudantil de maio de 68 começou por um motivo banal. No mês de março, o reitor da universidade de Nanterre proibiu os rapazes de visitar as moças em seus dormitórios. Em protesto, um grupo de cem estudantes invadiu a secretaria da universidade. O reitor, assustado, suspendeu as aulas e chamou a polícia. Naquele protesto na secretaria da universidade nasceu a figura de um líder estudantil que inspirou uma geração inteira: Daniel “le Rouge” (o vermelho, em francês). Dias depois ele incentivou os estudantes da Sorbonne a seguirem o exemplo da Nanterre. Resultado: a polícia invadiu a universidade e as aulas foram suspensas. Os estudantes e o sindicato de ensino entraram em greve. Os estudantes tentaram retomar o prédio e resolveram enfrentar as tropas policiais. As ruas viraram um campo de batalha. De um lado, jovens a

Participação Juvenil: novas formas para novos modelos

Além de receberem influências variadas, os jovens participam na dinâmica da sociedade através de estratégias diferentes, seja como atores sociais e políticos ou manifestando diversas formas de expressão e identidade. Porém, a maior parte das formas, que esse desejo de participação juvenil tem assumido ao longo da história, tem como característica a oscilação, alternando períodos de visibilidade pública com outros de forte retração e invisibilidade. Tudo parece estar intimamente relacionado com a transitoriedade da condição juvenil que leva, diferentemente dos trabalhadores ou das mulheres que se guiam, sobretudo, pelas dimensões materiais da existência, os jovens a se orientarem por interesses não necessariamente voltados a seu ciclo de vida. Essas reflexões facilitam abordar o polêmico tema sobre uma suposta “apatia juvenil”, principalmente em relação à participação política, em comparação com o maior interesse de gerações anteriores de jovens durante os anos sessenta e setenta. As e

Formas de ser jovem

O final do século XIX traz mudanças profundas, é marcado por lutas sociais movidas pelos operários por melhores condições de trabalho nas fábricas do mundo capitalista. No início do século XX toda uma cultura, cujas matrizes estão no século passado havia se desenvolvido no interior do movimento operário, classes populares. Segundo Gonçalves: No século XX, em alguns países do mundo, ocorrem revoluções que se proclamam socialistas e que vão tentar pôr em prática outros princípios de organização social. Ao mesmo tempo, no interior de países capitalistas mais desenvolvidos, os trabalhadores conquistam uma série de direitos cujo atendimento, acreditava-se, seria impossível nos marcos daquela sociedade: jornada de trabalho de oito horas, semana de cinco dias, férias remuneradas de 30 dias, salário-desemprego, aposentadoria, assistência médica gratuita e educação pública, entre outros. (2001, p.10) Todas essas condições alcançadas pelo trabalhadores da época deram condições para que no século